Vamos desmistificar os mitos e verdades em relação as lentes de contacto.
As lentes de contacto são uma alternativa popular e conveniente à tradicional utilização de óculos. No entanto, muitos mitos e equívocos cercam o seu uso. Neste artigo, vamos explorar e esclarecer 10 mitos comuns relacionados a lentes de contacto. Vamos descobrir o que é verdadeiro e o que não é, relativamente ao uso das lentes oftálmicas.
Dormir com lentes de contacto pode prejudicar os olhos.
Verdade: Não deve usar lentes de contacto que não foram desenvolvidas para dormir. Mesmo que não sinta nenhuma alteração inicial, a verdade é que, durante o sono, a oxigenação é bastante reduzida. Pois, estamos de os olhos fechados, e se ainda adicionarmos uma barreira, diminui o aporte de oxigénio à córnea e as funções vitais ficam comprometidas. As lesões no epitélio corneal vão contribuir para a proliferação de bactérias, vírus e fungos, em casos extremos pode mesmo desenvolver-se uma úlcera corneal.
As lentes de contacto requerem manutenção com produtos adequados. A melhor maneira de limpar as lentes de contacto é com soro fisiológico ou água.
Mito: O soro fisiológico desde que devidamente esterilizado, pode ser usado para limpar a lente que caiu, ou retirar um corpo estranho. Numa emergência em que o único líquido disponível é soro. O soro, tal como a água da torneira ou engarrafada, não remove proteínas, gorduras ou quaisquer impurezas presentes na lente. Não vai eliminar fungos e bactérias que podem causar graves infeções nos olhos. Isso acontece porque o líquido não possui agentes desinfetantes ou lubrificantes necessários para a conservação da lente.
Devemos sempre limpar a lente com o líquido adequado que usamos habitualmente, seja ele solução única, limpeza a dois passos, peróxido ou qualquer outro sistema de manutenção prescrito pelo seu especialista.
Usar as lentes para além do período do recomendado pode comprometer a saúde ocular.
Verdade: O regime de substituição que está descrito na embalagem deve ser cumprido rigorosamente. Nunca se esqueça que uma lente de contacto é um dispositivo médico. Se não estendemos o uso de um medicamento aberto para além do recomendado, por que o haveríamos de fazer com as lentes. E a saúde ocular? Depois de abertos, os polímeros e outros componentes que compõem as lentes sofrem alterações e degradam-se, mesmo que nem sequer sejam colocados no olho.
Existe um número de anos máximo que uma pessoa consegue usar lentes de contacto sem começar a fazer rejeição.
Meia verdade: Nos materiais antigos, de pouco aporte de oxigénio à córnea, existia uma certa possibilidade. Alguns anos após o uso contínuo de lentes de contacto, começarem a surgir complicações que culminavam na necessidade de abandono das LC. Contudo, com os materiais mais recentes, e caso o paciente use o material que mais se adequa ao seu estilo de vida e condição biológica, cumpra as regras de tempo de uso, validade das lentes e a sua manutenção, essa possibilidade tende a ser cada vez mais remota. Portanto, depende de cada um, há quem as use por mais de 20 anos e há quem não as tolere nem um ano.
As lentes de contacto são adequadas para crianças.
Verdade: Não existe nenhum impedimento que uma criança seja usuária de lentes de contacto. Existem no mercado, lentes desenhadas especificamente para a população pediátrica, nomeadamente para a prática desportiva e controlo da miopia. Vai sempre depender do grau de maturidade da criança e da sua capacidade de cumprir as regras de higiene e manutenção necessárias à saúde visual.
Sempre usei lentes de contacto para ver ao longe, mas agora comecei a ver mal ao perto e tenho de abandonar o seu uso.
Verdade: Pessoas de todas as idades, incluindo aquelas com mais de 40-50 anos que começam a desenvolver dificuldade na visão de perto, ou presbiopia, podem usar lentes de contacto. Já há muitos anos que estes pacientes usam lentes progressivas nos óculos que corrigem todas as distâncias. Atualmente, os avanços tecnológicos na contactologia também permitem o uso do mesmo sistema nas lentes de contacto, conhecidas como lentes multifocais.
As lentes de contacto podem perder-se atrás do olho.
Mito: Não, este é talvez o primeiro mito, aquele que já todos ouvimos, a resposta é simples, é completamente impossível anatomicamente isso suceder!
As lentes de contacto saltam frequentemente dos olhos.
Meia verdade: A lente tem uma tendência natural para permanecer alojada no olho, devido a sua forma anatómica e necessidade de se manter hidratada. Contudo, se abrirmos o olho dentro de água ou estiver um dia de muito vento que potencie a secura ocular pode acontecer. Mas não é algo frequente, nestes casos o uso de uma lágrima de conforto é um auxílio.
As lentes de contacto podem ficar para sempre presas ou coladas nos olhos.
Mito: Não, também nunca existiu até à presente data nenhum caso desses com nenhum especialista da visão que tenhamos conhecimento. Diria que se trata de um caso completamente excecional, e se alguma vez ocorresse seria por falta completa de regras de higiene e manutenção das LC. Bem como por falta de acompanhamento por um profissional da visão, optometrista ou outro especialista de saúde visual.
Num dia de muito calor ou se os olhos forem expostos a uma fonte de calor, a lente pode derreter no olho.
Mito: Não, um dos métodos antigos usado para a esterilização das lentes era exatamente o uso de altas temperaturas. Portanto, o calor, que não põe em causa o nosso bem-estar pessoal, também não vai derreter os polímeros que constituem a lente, que são de elevada capacidade térmica.
Em suma, esperamos que este artigo tenha ajudado a esclarecer alguns mitos comuns associados ao uso de lentes de contacto. É essencial seguir as orientações do seu profissional de saúde ocular, adotar práticas de higiene adequadas e escolher as lentes certas para garantir uma experiência segura e confortável.