
Geralmente o teste da visão das cores é utilizado para diagnosticar o daltonismo. Contudo existem casos onde a visão das cores não é de origem genética, mas adquirida devido a problemas como a neuropatia óptica.
Avaliação da alteração na visão das cores
Realizar o diagnostico da neuropatia óptica requer uma avaliação com recurso a exames de diagnostico específicos e dispendiosos. Contudo o simples teste de visão das cores, por vezes subestimado, pode fornecer pistas muito claras da presença desta condição. Rápido, simples e crucial.
O teste de visão das cores é rápido, simples e de fácil acesso e por isso desempenha um papel crucial no diagnóstico da neuropatia óptica. Para além do fim para o qual foi criado, permite a deteção precoce de anormalidades visuais, avaliando a função do nervo ótico e auxiliando no diagnóstico diferencial com outras condições oculares. É uma ferramenta valiosa para optometristas e outros especialistas de saúde visual, no cuidado e na gestão de pacientes com neuropatia óptica.
Distinção entre neuropatia óptica e outras condições oculares
Deficiências na visão das cores podem ser um sinal indicativo de danos no nervo óptico, como os causados pela neuropatia óptica. Problemas na percepção das cores podem ser um dos primeiros sintomas percetíveis da doença. Pode também causar diminuição na sensibilidade ao contraste, afetando a capacidade do paciente de distinguir entre diferentes tons e cores.

É importante salientar que outras condições oculares podem levar á alteração da visão das cores por perda significativa da acuidade visual (AV), como a maculopatia, glaucoma ou mesmo o erro refrativo. Contudo, ao contrario da neuropatia óptica, nessas desordens oculares é necessário que exista uma AV abaixo dos 10/100 para ter interferência com a visão das cores.
Avaliação da função do nervo ótico
O teste de visão das cores é baseado na capacidade dos cones da retina perceberem diferentes comprimentos de onda de luz. Assim, alterações na visão das cores podem indicar comprometimento da função dos cones, que geralmente são afetados pela neuropatia óptica.
A neuropatia óptica pode causar, portanto, danos progressivos ao nervo óptico ao longo do tempo. Realizar testes de visão das cores regularmente pode ajudar a monitorizar a progressão da doença e avaliar a eficácia do tratamento.
Apoio ao Diagnóstico Clínico – diagnostico diferencial
O resultado do teste de visão das cores pode complementar outros achados clínicos e exames oftalmológicos, fornecendo informações adicionais que ajudam a confirmar o diagnóstico de neuropatia óptica. Ou seja, se não estamos presente a uma condição de daltonismo e se a perda de AV não é significativa, mas mesmo assim o teste de visão das cores está alterado, então muito provavelmente estamos presente a um caso de neuropatia óptica. Portanto se suspeitarmos da doença, antes de iniciar a bateria de exames dispendiosos, podemos usar o teste da visão das cores como um meio económico para despistar neuropatias sem recurso a testes mais dispendiosos.
Existem vários testes que podem ser usados na avaliação da visão das cores. Entre os quais, o teste de HRR (Hardy-Rand-Rittler) e o teste de Ishihara. Ambos usados para detetar deficiências na percepção de cores, contudo estes dois testes diferem nas suas abordagens e aplicabilidades, sendo o teste HRR mais eficaz na despistagem de neuropatia óptica. Embora o teste de HRR não seja especificamente destinado à deteção de anomalias relacionadas à percepção de cores na neuropatia óptica, pode revelar anomalias visuais gerais que são consistentes com comprometimento das vias visuais. Portanto, o teste de HRR é uma ferramenta útil na avaliação da função visual em pacientes com suspeita de neuropatia óptica.
Indicações para Exames Complementares:
As anomalias detetadas durante o teste de HRR podem indicar a necessidade de exames oftalmológicos mais detalhados. Como exames de campo visual computorizados, OCT (tomografia de coerência óptica) ou ressonância magnética (RM). Para avaliar a integridade das estruturas do olho e das vias visuais.
O OCT é uma técnica de imagem de alta resolução permite avaliar a integridade das fibras do nervo óptico e das camadas da retina. Desse modo, alterações na espessura ou na morfologia do nervo óptico podem ser observadas em pacientes com neuropatia óptica.
Já em alguns casos, uma RM do encéfalo pode ser realizada para excluir outras condições neurológicas que podem afetar o nervo óptico, como esclerose múltipla ou tumores cerebrais.







