
Queratocone é uma patologia ocular que afeta a córnea. Esta patologia é caracterizada pela progressiva alteração da forma da córnea, que se torna mais fina e adquire uma forma cónica, ou em laço assimétrico.

Vamos então entender as causas, sintomas, prevalência e opções de tratamento do queratocone, proporcionando uma compreensão abrangente dessa condição ocular.
Causas
Embora não existam até ao momento certezas absolutas, estudos científicos sugerem que o queratocone é multifactorial, pode ser desencadeado por uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Também se pensa que o atrito constante provocado pelo hábito de coçar os olhos e condições alérgicas também estão associados ao seu desenvolvimento . Alguns fatores possíveis incluem:
- Fatores genéticos: A predisposição genética é um fator importante no desenvolvimento do queratocone. Se houver histórico familiar da condição, o risco pode ser maior.
- Enfraquecimento do tecido corneal: Acredita-se que a córnea de pessoas com queratocone seja mais suscetível ao enfraquecimento do tecido. Isso pode levar à formação de uma protuberância (figura 2) na área mais fraca, que muitas vezes é na parte inferior.
- Fatores ambientais: Exposição a alérgenos, esfregar excessivo dos olhos e o uso inadequado de lentes de contato também podem desempenhar um papel no desenvolvimento do queratocone. O ato de esfregar os olhos com força pode aumentar a pressão sobre a córnea, especialmente se a córnea já estiver enfraquecida devido a fatores genéticos ou outros. Isso pode potencialmente acelerar a progressão do queratocone.
- Desequilíbrio na produção de enzimas corneais: Alguns estudos sugerem que pode haver um desequilíbrio na produção de enzimas corneais responsáveis pela manutenção do epitélio e restantes tecidos, levando a uma fragilidade aumentada na córnea.

A tensão palpebral, que se refere à pressão exercida pelas pálpebras sobre os olhos, não é considerada uma causa direta. Portanto, embora a tensão palpebral em si não seja uma causa direta do queratocone, o comportamento de esfregar os olhos vigorosamente pode ser um fator de risco adicional para aqueles que já têm predisposição genética ou outros fatores que contribuem para o desenvolvimento do queratocone. É aconselhável evitar esfregar os olhos com força, especialmente se houver suspeita ou diagnóstico de queratocone, para minimizar o risco de complicações.
Sintomas
Os sintomas incluem visão desfocada, distorção visual, sensibilidade à luz e a necessidade frequente de trocar os óculos, por sucessivos aumentos e alterações do eixo de astigmatismo.
O queratocone geralmente afeta a parte central e inferior da córnea. Inicialmente, a distorção da córnea pode começar no centro mas depois acaba por se estender para a parte inferior. Isso resulta em uma protuberância cónica na córnea, o que leva à mudança na sua forma e à perda de nitidez na visão, mesmo com correção oftálmica.
À medida que a condição progride, o optometrista tem a possibilidade de observar com recurso a uma retinoscopia bem realizada, um movimento de tesoura do reflexo ocular. A córnea pode assumir, então, uma forma cada vez mais irregular e fina, causando astigmatismo miopico irregular, dificultando muito a sua correção pelos métodos tradicionais.
Prevalência
A prevalência pode variar significativamente entre diferentes regiões e populações. Em geral os profissionais da área consideram uma condição ocular rara, afetando aproximadamente 1 em cada 2.000 pessoas na população em geral. O queratocone geralmente manifesta-se durante a adolescência e início da idade adulta. Embora possa ocorrer em ambos os olhos, um olho geralmente é mais afetado que o outro. Estudos indicam uma ligeira prevalência maior em homens do que em mulheres, e certos grupos étnicos parecem apresentar maior suscetibilidade.
Acima de tudo, compreender os fatores de risco é crucial para identificar precocemente essa condição e implementar medidas preventivas. Como referido anteriormente há uma predisposição genética associada a essa condição. Algumas raças parecem ter uma maior incidência de queratocone:
Caucasianos: O queratocone é mais comum em pessoas de ascendência caucasiana.
Asiáticos: Algumas populações asiáticas também têm uma predisposição ligeiramente aumentada.
É importante notar que a predisposição genética, entretanto, não é uma garantia de que alguém desenvolverá queratocone, e a condição pode ocorrer em qualquer raça ou grupo étnico.
Tratamento
1. Óculos e lentes de contacto especiais:
É importante referir que não se conhece até ao momento uma cura definitiva para o queratocone. O tratamento varia de acordo com a gravidade da condição. Óculos podem ser eficazes nos estágios iniciais, contudo quando a patologia progride descontroladamente, os optometristas frequentemente prescrevem lentes de contato especiais, como lentes rígidas ou híbridas, com auxilio a topografia para corrigir a visão de maneira mais adequada.
Não é de descartar ainda assim, por precaução que o os óculos funcionem como um meio de correção adicional, pois apesar da sua eficácia ser inferior á das lentes serão um auxilio, no caso de desenvolvimento de infeçoes, alergia, ou desenvolvimento de rejeição ao material da lente contacto, que muitos dos seus usuários relatam com alguma frequência.
2. Cirurgia:
Em casos mais avançados, profissionais podem recomendar a cirurgia. É fundamental que o tratamento seja personalizado de acordo com a condição específica de cada paciente. Porém, a escolha da cirurgia dependerá da gravidade do queratocone, das características da córnea e das necessidades individuais do paciente:
- Crosslinking Corneano (CXL): Esta é uma abordagem não invasiva que utiliza luz ultravioleta e riboflavina (vitamina B2) para fortalecer as fibras de colagéneo na córnea. O objetivo então, é retardar ou interromper a progressão do queratocone.
- Anéis Intracorneanos: Anéis intracorneanos, como os anéis de Ferrara, são pequenos dispositivos implantados na córnea para remodelar sua forma e melhorar a visão. Desse modo, oftamolgistas consideram essa técnica para pacientes com queratocone leve a moderado, geralmente é o tipo de cirurgia mais utilizado.
- Implante de Lentes Intracorneanas (ICL): Em casos mais avançados, conforme outras opções não são suficientes, pode-se considerar o implante de lentes intracorneanas para corrigir a visão.
- Transplante de Córnea (Queratoplastia): Em casos mais graves, quando a córnea está significativamente afetada, pode ser necessário realizar um transplante de córnea.
Conclusão
Em conclusão, o queratocone é uma condição ocular que exige atenção cuidadosa e tratamento especializado. Assim, compreender as causas, sintomas e opções de tratamento é fundamental para aqueles que enfrentam essa condição. Dessa forma, a abordagem personalizada, que pode incluir o uso combinado de lentes oftálmicas e outros tratamentos, destaca a importância de procurar regularmente a orientação de um optometrista ou outro especialista da visão para diagnosticar eficazmente o queratocone. Ao passo que a pesquisa contínua nessa área promete avanços significativos, oferece esperança para uma melhor qualidade de vida para aqueles afetados por essa condição oftalmológica.







