A superfície da córnea, lente mais externa do olho humano, é coberta pelo filme lacrimal aquoso, que conhecemos habitualmente por lágrima. Este filme tem várias funções importantes, bem como a manutenção da hidratação, fornecimento de oxigénio e defesa imunitária contra agentes patogénicos (1).
Composição da lágrima
A lágrima é composta basicamente por 3 camada; a primeira de mucinas, diretamente em contacto com o epitélio corneal, a segunda uma camada basicamente aquosa onde podemos encontrar alguns eletrólitos, proteínas e pedidos e por fim uma camada lipídica, diretamente em contacto com o meio externo. A composição da lágrima, contudo, não é constante e pode variar com fatores atmosféricos, como a temperatura, o que pode explicar a sensação de desconforto, irritação, vermelhidão e até estados de conjuntivite que muitos de nós experimentamos em certas alturas do ano.
Assim, um dos componentes que mais sofre alterações com a temperatura é a camada de lípidos, importante na manutenção da tensão superficial, e diminuir a evaporação lacrimal é responsável por manter coesa a lágrima entre pestanejos (2, 3).
Influência da Temperatura
Estudos científicos determinaram que a temperatura influencia criticamente a produção da camada lipídica por parte das glândulas de meibomium, enquanto as temperaturas excessivamente altas levam a uma maior evaporação, as temperaturas, extremamente baixas, levam ao enrijecimento do filme, que perde a sua capacidade de formar camadas contínuas na interface ar-água. Desta forma, variações na concentração, composição e organização de lípidos polares e não polares desta camada é altamente significativa e contribui para a síndrome de olho seco, contudo este efeito pode ser atenuado em parte pelo uso de lágrimas artificiais e pelo restabelecimento da temperatura, já que se trata de um processo reversível. (4).
(1)Lukasz Cwiklik,Tear film lipid layer: A molecular level view Biochimica et Biophysica Acta
(BBA) – Biomembranes,Volume 1858, Issue 10,2016.
(2)J.K. Slettedal, A. Ringvold Correlation between corneal and ambient temperature with
particular focus on polar conditions Acta Ophthalmol. (Copenh), 93 (2015), pp. 422-426
(3)J.P. Craig, A. TomlinsonImportance of the lipid layer in human tear film stability and
evaporationOptom. Vis. Sci., 74 (1997), pp. 8-13
(4) Butovich IA, Arciniega JC, Wojtowicz JC. Meibomian lipid films and the impact of
temperature. Invest Ophthalmol Vis Sci. 2010 Nov;51(11):5508-18. doi: 10.1167/iovs.10-5419.
Epub 2010 Jul 7. PMID: 20610839; PMCID: PMC3061497.